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A Coragem de Soltar a Panela


A Coragem de Soltar a Panela


Tudo Passa, Nada Permanece. Não há nada fixo nem nada permanente. Tudo está fluindo e se transformando. Tudo que nós fazemos, sentimos e pensamos mexe na teia da vida, assim como a vida mexe em nós.

(Ensinamento budista - Trecho do Livro “Ação Transformadora”)



Eu não preciso conhecer exatamente sua história para saber que em algum momento você já se sentiu apegado a algo, seja lá um objeto pessoal, algum determinado hábito ou comportamento, sentimentos, histórias, lugares ou pessoas.


Penso que seja natural ao longo de nossas vidas, vivenciarmos certos apegos, e talvez já até nos acostumamos tanto que nem reparamos, pois me parece que isso ocorre desde muito cedo, assim como uma criança que se apega a uma professora da escolinha, a um amiguinho, por seu brinquedo favorito, ou as vezes por um bichinho de estimação, uma roupa da adolescência, um perfume da juventude etc...


O fato é que o apego geralmente vem da nossa criança interior, enquanto o desapego exige a coragem do nosso adulto, que por muitas vezes não está preparado o suficiente para lidar com as dores das partidas, até mesmo aquelas impostas por forças maiores da natureza e do ciclo da vida.


O apego é traiçoeiro, ele propicia uma falsa sensação de controle e felicidade, a partir da terceirização de nosso bem estar ao que é externo a nós. Porém muito frágil se pensarmos do ponto de vista que estamos apenas de passagem, não trouxemos nada e tampouco levaremos daqui, apenas deixaremos o que nos foi emprestado, a questão é melhor ou pior do que encontramos?


Afinal, não é o que a gente acumula e sim o que a gente espalha que mostra como a gente viveu nossa vida.


Eu como estudioso e entusiasta em contribuir para a consciência da Felicidade das pessoas, afirmo que as mais felizes certamente são as também mais dotadas da capacidade de desapegar-se.


Imagino que o caminho para tal, não seja uma simples linha reta e nem exista receita mágica, com as medidas e doses exatas, mas arrisco que alguns ingredientes sejam indispensáveis nesta estrada.


Maturidade, Acolhimento, Gratidão, Medo, Coragem, Perdão e Amor.


A maturidade de um adulto consciente e capaz de reconhecer e assumir seus apegos e fazer uso do discernimento para compreender o que eles de fato lhe significam e separar os que já não lhe servem mais, e assim acolher sua criança interior auxiliando a encontrar a saída de algo aparentemente bom e retirando a do sufoco da incompreensão de que tudo passa. E de repente com ela no colo, dar se conta de agradecer verdadeiramente tudo que lhe trouxe até o momento atual, nem mais nem menos, sem tirar nem por. Certamente o desapego passa por um profundo sentimento de gratidão. Sentimento de agradecimento e reconhecimento por tudo de bom e útil que algo, ou alguém, ou uma história lhe serviu pelo tempo que assim o foi.


Pode então ser que sinta se preenchido de uma forte determinação e de uma enorme Coragem, pois é preciso sim coragem para abrir mão, e ouvi dizer que o medo morre de medo das atitudes de um coração grato.


Ahh e só um coração repleto de gratidão é suficientemente forte para perdoar, sim pois há certos apegos na vida que ultrapassam os limites físicos como objetos ou bens materiais, as vezes alguns apegos vêm carregados de histórias, significados e até algumas mágoas. E para tal desapego se faz necessário o perdão, o que por sua vez requer mais que o reconhecimento, é preciso apropriar se que deseja perdoar. Afinal você não pode dar nem conceder nada que não seja seu.


Por todas as coisas provocadas por alguém ou à alguém ou quem sabe que talvez você mesmo tenha se ferido, magoado, prejudicado, consciente ou inconscientemente, sabendo ou não o que estava fazendo, permita se perdoar se e libertar se.


Pode não ser indolor, mas acredite é libertador e não há Felicidade sem Liberdade!


Felicidade é um presente de Deus, é muito mais que um direito, é um dever de todo ser humano, mas acima de tudo ser feliz é uma escolha que cada um faz. Meu convite é que você permita se desapegar do que você julga necessário.


Abrir mão requer que você se responsabilize. Desapegar é um ato de amor próprio.


Desapegar não significa que não deva possuir nada, mas sim, que nada deve possuir você.


Para ilustrar esta reflexão, compartilho a história do Urso faminto.


Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento.


A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores.


Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida.


Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo.


Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo.

Na verdade, era o calor da tina...


Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.


O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.


Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo.


Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.


Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida.


O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela, e seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.


Ao terminar de ouvir esta história, percebe se que, em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes.


Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes.


Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento e até de desespero.


Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.


É necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece ser o melhor vai lhe dar as melhores condições de prosseguir, de ser feliz. é preciso perguntar se o que estamos segurando em nossa vida deve continuar sendo mantido, ou se devemos abrir espaço para que mudanças ocorram...


Toda sensação de perda vem da falsa sensação de possuir.


Tenha a coragem, a inteligência e a consciência que o urso não teve.


Solte a panela e seja Feliz!



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